6. Repito: as disciplinas são importantes para especializar; os cursos superiores não podem trabalhar transdisciplinarmente porque as disciplinas são imprescindíveis para o aprofundamento necessário. Sobretudo a partir do século dezoito as disciplinas passam a ter importância cada vez maior porque cada ser humano não podia mais dominar o conhecimento que se avolumava rapidamente. O modelo de escola atual, esquematizado naquele século, nasce disciplinar porque – parecia – o conhecimento repartido em fatias poderia ser dominado por todos. O desenvolvimento infindável do conhecimento e as condições humanas após as duas grandes guerras inviabilizaram este modelo: as cabeças mais ilustradas, desde o último quartel do século passado, insistem no holismo, na necessidade de não limitar o ensino a algumas disciplinas e de alargar os horizontes do saber. Até a UNESCO sintetiza uma proposta pedagógica, possível entre outras possíveis: “aprender a aprender, aprender a ser, aprender a fazer e aprender a conviver”. A escola, quando nela trabalham pessoas sensatas, debate-se entre realizar algo deste tipo e passar poucas disciplinas obrigatórias (que, nos discursos, fora do que escrevem, as autoridades educacionais chamam de sugestões).
Texto de Danilo Gandin